sexta-feira, 13 de maio de 2022

gardunhos - todas as letras

AL-MUTAMID

Al Mutamid, De metro e meio
Sevilhano e muçulmano
mano a mano
Como o Corão ensina

Al Mutamid, De metro e meio
E de Beja aquele anseio
Ele que veio
Pela guerra concubina

Das sereias do siroco
Veio a inspiração
São novas as madrugadas
Na hora da oração
Essas Lendas encantadas
Que brilham na escuridão

Al mutamid, de metro e muito
Pelo céu abençoado
Também andas prometido / tu perdido
A glória do califado
Vais na coma do cometa
Deus é grande
E Maomé e seu profeta

Al Mutamid, de metro e mais
d’ Huelva Andaluzia
O dia e da cimitarra
gana e garra
Inda a barba é fantasia

Al Mutamid, de metro e muito
Tem uma alcova de guerra
Tem a terra toda
Daqui e de além mar
Na concha do seu olhar


ÁS PORTAS DE SANTARÉM.

Vai Mem Ramires vai
Cai a fortaleza cai
Bate com toda afirmeza
Shantarin vai ser Portuguesa

Deita mão nas sentinelas
E o punhal pelas goelas
Que este mundo é muito pequeno
Para tantosarraceno

Vai Mem Ramires vai
Cai a fortaleza cai
A muralha ali é só pele e osso
E Este chão ha-de ser todo nosso

Plo fio daaa tua espada
pinta o campo de cor encarnada
Usa a voz do teu Soberano
Faz deste mundo escalabitano

CHORUS
Santarém vem a janela
Ver Sete portas rezadas
Vai-se a Alma da citadela por
7 muralhas rasgadas

Hey-Ui-Vai-Ah

Vai Mem Ramires vai
Cai a fortaleza cai
Vamos todos nesta aventura
Deus abençoe ...a tua armadura

Até me falta o ar
E esta espada quer respirar
Não me tentem com prata nem ouro
Santarém ....é o meu tesouro

Vai Mem Ramires vai
Cai a fortaleza cai
A ladainha amouriscada
Vai acordar aportuguesada

Amanhã será o dia
Corre sangue na mouraria
....Somos todos confessados E vocês
andam todos avisados

Pois Que A morte quando vem,
nunca pensa em mais ninguém,
Marca Uns tantos para levar,
Na praça de Santarém

Bate feio bate forte,
raça dos homens do Norte
Nunca tem medo da morte
Mem Ramires Amém/Hey...


Vai Mem Ramires vai
Cai a fortaleza cai
A ladainha amouriscada
Vai acordar aportuguesada

Até me falta o ar
E esta espada quer respirar
Não me tentem com prata nem ouro
Santarém é o meu tesouro


O MEU AMOR E TANTO

O meu amor e tanto
Que triste condição
O que é feito de ti
Que te não vejo aqui em dia de S. João
O meu amor e tanto
Não sabe dizer que nao

O meu amor e tanto
Levado pela ambição
despedaçado assim
Esta tão longe de mim não ouve esta oração
O meu amor e tanto
Mas Não sai do coração

O meu amor e tanto
Já nao tem salvação
So pede piedade
E a tua pouca idade é só inspiração
O meu amor e tanto
Não sabe dizer que não

CHORUS

O campo mo quer perder
De mim já não quer saber
Deus mo guarde pra que um dia
O possa voltar a ver

Este meu olhar molhado
Este Meu ventre roubado
Deus mo guarde pra que um dia
Ele Regresse ao meu cuidado

O meu amor e tanto
Já nao tem salvação
So pede piedade
E a tua pouca idade e só inspiração
O meu amor e tanto
Não sabe dizer que nao


MIL ANOS SEM TOMAR BANHO

A minha pele assombrada
Demora a ser cicatrizada
Deixem-me em paz E o vento por trás
suor que não cheira a nada

Eu Nunca disse que não
Ao Vinho e a ma alimentacão
A pele enrugada nunca foi lavada
A cantar putrefação

E não entendem dizem que é estranho
Viver a vida sem tomar banho
Que mal e que tem viver enjoado
tudo anda habituado

CHORUS
Cristão infiel Germano judeu
Ninguém tem a pele mais suja do que eu

E um julgamento prematuro
Dizem que cheiro a repolho maduro
Odor fedorento será o excremento
Mil anos a viver no escuro

E um bafio a leite azedo
Mas é a água que mete medo
dentes quebrados a boca em bocados
Pele rija e o meu segredo


TUDO AO MOLHO E FE EM DEUS

Não perguntes que eu não sei
Como é que eu aqui cheguei
De barba inda mal feita

Tenho ordens pra matar
tudo aquilo que encontrar
Pela esquerda e pela direita

São só gritos e confusão
Sangue e lanças alcatrão
Chove uma nuvem de setas
E tu da-lhe nas canetas
E um salve-se quem puder
Nada que eu possa fazer
Aíaque, puta de vida eles mhaviam de prender

Que venha a morte sem saber

Não sei o que vai aqui
Anda a morte por aí
Toda a rir e satisfeita

Vou de lama acorrentado
De empurrão pra todo o lado
Pela esquerda e pla direita

CHORUS

Meio morto e esfomeado
Anda tudo enlameado
Ao ca gente se sujeita

Começamos mais de mil
Atirados ao covil
Pela esquerda e pela direita

CHORUS

São só braços decapitados
Coitados e amputados
A sofrer desta maleita

Já perdi o sul ao norte
Ando à procura da morte
Pela esquerda e pla direita

CHORUS

Não perguntes que eu não sei
Como é que eu aqui cheguei
De barba inda mal feita

Tenho ordens pra matar
tudo aquilo que encontrar
Pela esquerda e pela direita


BOLA DE SABÃO

Canta o vento pela cidade
Cantigas de paz e alem mar
E frágil a eternidade
Que Sisnando anda a guardar

Há só um sol glorioso
A contar todos os dias
Horizonte majestoso
Saoas boas companhias

CHORUS
Sedas safiras grilhões
Trocam apertos de mão
crucifixos medalhões
Desnudam os corações

Vai Escondida pela neblina
Desde a margem ao limoeiro
Nos ombros dessa Colina
Dom Sisnando e padroeiro

Por Profanos e infieis
Corre Sangue de todas as raças
O espírito e todo santo
E todas as marias são graças

Tudo o que é belo e absurdo
Praça de todas as cores
E até o céu divino é surdo
A santos e pecadores

Sedas safiras grilhões
Trocam apertos de mão
crucifixos medalhões
Desnudam os corações

Vai Escondida pela neblina
Desde a margem ao limoeiro
Nos ombros dessa Colina
Dom Sisnando e padroeiro
Desta bola de sabão”


GARDUNHOS

Era um bandido, um pandilheiro
Um vigarista, um trapaceiro
Não me importa a tua ofensa
O crime até recompensa
Vou-te dar pena suspensa
A vida é improvisação

Toda a escuma da humanidade
por piedade ou tempestade
Ou vais de boa vontade
Ou regressas a prisão

Era um gatuno, um salteador
Um bom ladrao, um malfeitor
Toda a gente que nos resta
Com dois dedos de testa
E bem vinda a esta festa
Mesmo do fundo do poço

Quero lá saber o que a gente pensa
ou por crença ou por licença
Ou aceitas esta sentença
Ou vais de corda no pescoço

E quando amanhã chamar
E alguém te perguntar
Quem é aquele no pedestal
Que fundou este lugar
Não e desonra nenhuma
De saudar aquela escuma
A fogueira era só uma
A chama de Portugal

Era um bandido, um pandilheiro
Um vigarista, um trapaceiro
Não me importa a tua ofensa
O crime até recompensa
Vou-te dar pena suspensa
A vida é improvisação

Toda a escuma da humanidade
por piedade ou tempestade
Ou vais de boa vontade
Ou regressas a prisão

Era um gatuno, um salteador
Um bom ladrao, um malfeitor
Toda a gente que nos resta
Com dois dedos de testa
E bem vinda a esta festa
Mesmo do fundo do poço

Quero lá saber o que a gente pensa
ou por crença ou por licença
Ou aceitas esta sentença
Ou vais de corda no pescoço


SACOS DE PUZ

Sao Doenças e ofensas,
Maus agoiros e Sentenças,
E o fim da humanidade

Sao sombras sem luz nem dia
Condenados por bruxaria,
Algemados a cidade

Nem a chuva nem o vento,
Escapam ao sofrimento,
á Pestilência e escuridão

Ruas de portas fechadas
Trancas postas nas entradas
Nem Deus espera salvação

CHORUS
E o retrato do inferno, E Como um frio de inverno
Que não muda de estação
E uma fome sem fundo, Anda a devorar o mundo
E a cuspir na compaixão
Que A lama e o meu caixão
Vai,
deixa-me apodrecer

Aquela brisa no ar,
Sao os sinos a anunciar
Fogueiras de mau presságio

Sao mil asas de corvo,
sao mil vozes de escárnio
So dão vivas ao contágio

Cada grão de areia solta,
estremece a ampulheta
Mal vivem de caridade

As escondidas da luz,
Aqueles sacos de pus
Infectam toda a cidade


MORTOS DE SEDE

Gloria enectis SIti

Vem lá do céu um oratório
Anunciando o purgatório
Olhos sem sal nem luz nem nada
Só peço mais uma alvorada

O óleo todo derretido
Morro num canto esquecido
Sou parte e pedra sou parede
E Até o po morre de sede

Glóriaaaaaa

Deus que me ponha termo a isto
Que eu já quase não existo
corpos desfeitos de alcatrão
Semeiam decomposição

Nuvens fogem aos sitiados
chuva trancada a cadeados
Ca dentro perdemos a voz
Eaté Deus se esqueceu de nos


POR CIMA DO MEU CADAVER

Nunca ouvi de onde tu és
Queres os meus olhos nos pés
Mas a minha porta fechada
Vai resistindo a entrada
Ate da luz do próprio dia

Este Meu peito apertado
Cercado por todo o lado
Solta um último suspiro

Suspenso no ar que respiro
Sufocado na alvenaria

Vens de lá
de cabeça perdida
minha porta cindida
E o fim da ...minha Vida,
Será

Minha alma danada
Vê a Chama apagada
Pela vontade da espada ,
E Alá

Baixa a ponta das lanças
São mulheres e crianças
A rezar
Não há quem possa acudir
E até o Tejo vai a fugir ...
para o mar

Por uma fresta de luz
Rendida de braços nus
Que a maré não se contém
E já não vejo ninguém
Capaz contra o santo ofício

Não existe salvação
Fora deste coracao
E o teu feito assinalado
Ha-de ser recordado
Nas portas do sacrifício


A MENTIR OU A LAMENTAR

Esta lenda e so verdade
Num campo cego de vaidade
Foi-se a cabeça do alcaide
Nuno Gonçalves de Faria

Por engenho e coragem
Fez chegar uma mensagem
Ao filho em sua homenagem
Defensor da romaria

A Mentir ou a lamentar
Faria não se há-de entregar

Quand’O castelo foi chegado
O Alcaide acorrentado,
grita de pulmões inchado
Que ele não é moeda de troca

E Ali mesmo ele morreu
E a muralha ate tremeu
Eo filho chorou e gemeu
Mas o castelo não caiu

HALF CHORUS

O longo cerco desalentado
Abandonou ensanguentado
Rabo entras pernas enfiado
Pro ventre de quem o pariu

A Mentir ou a lamentar
(A mentir ou lamentar)
Faria não se há-de entregar
(Faria não se há-de entregar)
O diabo que os carregue
Quem os mandou arrenegar

Quem por Faria lá passar
Que sinta o chão por acalmar
A morte vive a lamentar


FONTE DAS LÁGRIMAS

Amanhã está pra chegar
sem que eu te volte a ver

A lua vai demorada
... E o sol não quer nascer

O teu véu esconde o céu
Dorme um sono repousado

Sonha que quando acordares
Estou no teu leito deitado

CHORUS

Pelo peito e pelas costas, Pela minha
...própria mão
arranquei tudo o que eles tinham
Comecei pelo coração

E Pra que ninguém duvide,
da rainha aclamada
Que todos beijem a mão,
ao cadáver da minha amada

Amanhã vai cá chegar,
Sem te sentir a meu lado
Ceifou a tua garganta,
um pai doido e odiado

Tenho a raiva do mundo inteiro
No Meu olhar envidraçado
Pertenço ao nevoeiro,
Como um lobo amaldiçoado

CHORUS

E Pra que ninguém duvide,
da rainha aclamada
Que todos beijem a mão,
ao cadáver da minha amada

Mas Que mal fiz eu a Deus,
Que me deixou nesta agonia
Fiz das tripas alma escura,
Mandei cancelar o dia

Amanhã se cá chegar,
carregado de maldade
Vai ter que remendar
A minha insanidade

CHORUS

E Pra que ninguém duvide,
da rainha aclamada
Que todos beijem a mão,
ao cadáver da minha amada


CRIME NO PACO DA ALEIVOSA

“A mim que querem matar o conde”

O destino desvia a morte
Para um tempo mais adiante
Tem direito á escolha do dia
Duma morte Mais humilhante

Uma raiva libertina
O meu peito perfurado
Tinha escapado a chacina
Se Deus tivesse ajudado

CHORUS
Anda um conde galego (galego)
Afazer ...vida escandalosa (escandalosa)
....meu amor não arrenego
...Uma vida ambiciosa

Anda um conde galego (...)
Afazer ...vida escandalosa (...)
Não sabe o que é sossego
...No Paço d’aleivosa

Aquele cutelo comprido
Quase deu cabo de mim
Mas foi o Meu orgulho ferido
Quem me deixou assim

Pede a Deus que tudo sabia
Que te guarde de todo o mal
Amanhã qualquer outro dia
Pra que não te aconteça igual

CHORUS

E aquela faca ardente
Corta-me a respiração
mora aqui no peito da gente
Interrompe-me o coração

A cidade em sobressalto
ela é minha testemunha
Peço a Deus que do lá do alto
nao oica a coisa nenhuma

CHORUS
Anda um conde galego
Afazer vida escandalosa
meu amor não arrenego
...Uma vida ambiciosa

Anda um conde galego (...)
Afazer ...vida escandalosa (...)
Não sabe oqué sossego
...No Paço d’aleivosa


Dizei à Rainha, minha Senhora, que Deus me guarde de mal, que assossegue em sua câmara e não haja nenhum temor, que eu não vim aqui para empecer a ela mas para fazer isto a este homem, que mo tinha bem merecido.
(Crônicas de Fernão Lopes)


RIBEIRINHA MINHA AMIGA

Ribeirinha minha amiga
Senhora dos meus sentidos
O meu jeito desajeitado
Dizem que anda enfeitiçado
Pelos ouvidos

Ribeirinha minha amiga,
Eu nem sei dizer que não
Por mais que acautele É
a tua branca pele faz suar o coração

CHORUS

Eu Nao sei se o sol se move
Ou se a lua se descobre
Vivo em cuidado, por meu amado
E cada beijo e uma ousadia

Juro que nao posso amar-te mais
do que te amo agora
Mas só Deus sabe, se tudo acabe
E se amanhã é um novo dia

Ribeirinha minha amiga,
Dizem que isto é bruxaria
Pragam condições,
Rogam maldições
Dizem não a romaria

Ribeirinha minha amiga,
Porque esta vontade é tanta
Os sinos da igreja,
Repicam de inveja,
E ferrugem De garganta

CHORUS


VIAJAR NA IDADE MÉDIA

Por aquela estrada que Roma deixou
Das poucas que o tempo não abandonou

Andam Peregrinos, monges e Mendigos
Por vontade sua ou vao por Castigos
- Vai seguir

Somos pirilampos a brilhar no Escuro
Trazemos recados vindos do futuro

E se o temporal assusta quem sai
Da-lhe uma Palmada na garupa e vai
- Vai seguir

Somos figurantes da cor d’Aguarela
De olhos abertos ao medo e a cautela

Ladroes e bandidos pela mata escura
Sao lobos famintos á nossa procura
- Vai seguir

Marcham mercenarios entre mercadores
Vao brilhando passo a luz dos tambores

A puxar carroça a cavalo ou a pé
O pó levantado embala a ralé
- Vai seguir

BRIDGE
Só a tua benção Frade hospitaleiro
Promete descanso a cada forasteiro

Que amanhã cedinho, de barriga cheia
Vamos a Caminho e o sol e uma Candeia


ATE OS MORTOS PAGAM

Terças-quartos, oitavos e rendas
jeiras, e outras encomendas

E O panal, o banal, o fossado
O suor não se vê respeitado

Ele são talha, o correto, e a colheita
Sanguessugas de vida insatisfeita

CHORUS
Pago o que posso
Por cada pai nosso
Outro soldo me foge da mão

Abre a porta á mão morta
és pobre o q’ importa
Vai tudo pra Igreja
Pela tua salvação

A miunça, a Corveia, o tostão
Estou as portas da mendigacao

O foro O censo, e a albernagem
So inventam por sacanagem

O mortório e a capitaçao
A sangrarem a compreensão

CHORUS

Abre a porta á mão morta
és pobre o q’ importa
Vai tudo pra Igreja
Pela tua salvação

BRIDGE
Nao te atrevas a morrer
Sem ouvir alguém dizer
Que tens permissão
Ou então
Levas com a lutuosa, (Que é) a mais dolorosa
pela tua indiscrição

BRIDGE

CODA
Paga morto paga morto paga
Paga morto que a morte também se quer paga


BRITES DE ALMEIDA

Com Seis dedos de bastão
Contados em cada mão
A minha boca rasgada

A mulher ossuda e feia,
Nao noivou com vida alheia
Por Ciúmes da minha espada

O meu peito peregrino
Deu-se ao vento libertino
Pla vida do tudo ou nada

O mar me quiz escravizar
quem e que pode separar
O sol da sombra pegada

CHORUS

E quando o forno se apagar
Conto com o meu lugar
no descanso do eterno

Mas se o céu não for assim
Volto na primeira chuva
Que Alguém ..se há-de lembrar de mim
Nem que seja no inferno

Quando Agosto aqui passou
E S. Jorge me chamou
Juntei-me aos entrincheirados

Tantos peões e arqueiros
madressilva de lanceiros
E uma ala de namorados

Vimo-los todos fugidos
Com mais sete inda benzidos
Na fornalha dos danados

E como era meu Serviço
com muito pão e chouriço
Foram bem aproveitados

CHORUS


LEPRA (O MAL PEGADIÇO)

Pela rua d’amargura
de sineta pela mão

Perdi toda a compostura
E só cheiro a podridão

Como um Lázaro andante
da quinta da Gafaria

Peço esmola da gaiola
Vestido de porcaria

A minha pele mal segura,
por um fio capilar
Vai rogando á noite escura
E pede a Deus pra me levar

E tão suja a minha pele
De pegadiço assombrada
Nem quem quer que se acautele
Anda surdo á Trovoada

O meu corpo fraco e breve
Nem sequer pode espirrar
Tenho medo que o vento leve
O nariz sem me avisar

CHORUS

CODA
Sem Maria nem pai nosso,
de olhos no fundo do poço
Uma febre que arrebenta
Que o diabo me pegou
Resta um fio de água benta
que um Anjo... me deixou


HA MOURO NA COSTA

A costa a costa cristão
Que A areia foi dessacrada
A costa a costa cristão
Vai d’Arriba a nossa armada

El-rei, mandou recado
Contra as galés do califado
Chamem as praias, toquem os sinos
Pele que dura, bravura e intestinos
(Anda, vamos)

A nossa terra azul e verde
Fica Entre o mar e a parede
Sangue de raça, Homens valentes
Setas e lanças, Machados unhas e dentes
(Até os comemos)

As Velas ao sol luminoso
Por El-rei todo poderoso
quilha direita, boca salgada
Espada no ar feita de espuma levantada

CHORUS
Vão ser só berros e gemidos
Tantos os ferros e grunhidos
Pelo na venta cabo e tormenta
Que a raiva e tanta ela quase Ma rebenta

A costa a costa cristão
Que A areia foi dessacrada
A costa a costa cristão
Mouro na costa Vai d’Arriba a nossa armada

Sao portugueses são audazes
A vomitar mas bons rapazes
coração forte a fumegar,
Pedras de fogo greeeeego, a balistar
(Da-lhe)

Ja vejo Meio-oceano,
Cheio de sangue Muçulmano
vitória certa, vaga gigante
Temos D Fuas como nosso almirante
(Viva)

CHORUS

gardunhos intro

Gardunhos” é um projecto musico-literário nado e criado a partir de uma releitura do livro "Contos arrepiantes da História de Portugal", editado pela Penguin Random House Portugal. O projecto "Gardunhos" consiste numa fusão experimental entre a música tradicional portuguesa e uma predilecção pela era medieval lusa e pelas artes cénicas, histriónicas da oratória e da palavra dita. Os temas do projecto “Gardunhos” percorrem quatro séculos da História portuguesa, tomando por referência alguns dos mais empolgantes momentos deste tão equívoco e fascinante período histórico. Apresenta-se um desses temas que se reporta à conquista de Santarém “Às portas de Santarém - 1147”. 

As canções-poema "Gardunhos" constituem evocações cinemáticas que visam abrir caminho a uma revisitação de uma época, de uma literatura, de um espírito, cuja intemporalidade é especialmente significativa pelo que possui de humana, galante, graciosa, desapiedada e bravia.