"Mas se eu não tenho cheques, porque não os uso desde, para aí, os anos oitenta e não ando habitualmente com 1111 euros no bolso, como espera você que eu pague esta factura?"
"Eu sei, já não é o primeiro que... olhe...só se for pagar à nossa delegação de Alcobaça ou Leiria"
No ano passado instalei em casa um sistema de aquecimento central; embasbacado com a qualidade de vida que aquilo me trouxe, permitindo-me andar de manga curta nos dias de maior rigor invernoso, liguei o aquecimento ininterruptamente durante três ou quatro meses. Já se sabia o resultado. No fim do ano teria de acertar contas com a Companhia de gás. Assim foi. 1111 euros. Barato, para tanto bem estar.
Obedientemente, no dia aprazado lá fui pagar o que devo, mas no momento em que mostrei o cartão multibanco...
"Desculpe, Sr. Correia, mas não temos."
"Não posso pagar com multibanco?"
"Pois, não temos, não"
"Então, como é que?... Posso fazer uma transferência bancária, se quiser."
"Pois era, mas também não podemos."
"Isto é a lusitâniagás, certo? Do grupo GALP energia. O maior fornecedor de gás canalizado do país, certo?"
"Sim, tem razão, mas não podemos, acho que é por causa das taxas da unicre"
"Que... quer então que eu...?"
Saí dali e fui ao banco. Levantei mil cento e onze euros. Pedi, obviamente, notas pequenas. As mais pequenas eram de 10 euros.
Ao regressar, coloquei filmicamente o maço de notas na mesa (cena à Cagney) e, no momento em que iam pegar no dinheiro, interrompi o gesto e pedi:
"Só um momento." (Tirei, evidentemente, uma fotografia, que isto contado num blog, ninguém acredita.)
Ainda pensei em pedir para falar com alguém responsável, mas suspeito que me respondessem:
"Desculpe, Sr. Correia, mas não temos.
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